sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Comportada

Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim.
Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.
E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa.
Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.

(Autora: Maria de Queiroz)

http://www.dsrta.blogspot.com/

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Amor não dói

“Domínio e submissão é para a escravatura. Amor é para as pessoas livres."
(Alexandre Garcia sobre as 35.000 mulheres que são espancadas todos os dias no Brasil)

Justiça anuncia decisão que beneficia mulheres vítimas de violência doméstica

Agora não é mais necessário confirmar na presença do juiz o desejo de processar o acusado, basta denunciá-lo na delegacia, com base na lei Mª da Penha, para garantir a abertura do processo.

Saiba mais:


Fonte: Bom dia Brasil de 19/10/2010

http://www.dsrta.blogspot.com.br/

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Use camisinha

A melhor propaganda de incentivo ao uso da camisinha que já vi. Mto bem lembrada pelo Diálogo de Roda.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Não subiu, e agora?


Um cara que dormiu comigo e brochou me pediu para abordar a experiência aqui como forma de exorcizar esse fantasma. Brincadeira, nunca aconteceu comigo, mas atendendo uma sugestão, decidi fazer um post sobre brochada e impotência.

Como eu disse, nunca aconteceu comigo, embora eu também não tenha tido tantos parceiros quanto algumas pessoas supõem. Sabe como é, mulher que não tem medo de falar sobre sexo acaba sendo taxada por alguns como mulher que pega todo mundo. Eu até queria pegar todo mundo – ou quase todo mundo – mas aprendi a me respeitar e a respeitar meu corpo, o que gera meia dúzia de restrições com relação a quem vai dividir a cama comigo. Ainda assim resolvi, com todo esse amadorismo que me abençoa, debater o momento fatídico no qual o “meninão” simplesmente não sobe.

Eu me sentiria frustrada, disso tenho certeza. Já o que eu faria com essa frustração ia depender do grau de importância que o cara tem para mim. Um casinho isolado certamente perderia todas as chances. Dependendo e como ele se saiu até chegarmos ao finalmentes – se foi gentil, se foi arrogante, se conquistou meu respeito – ganharia também uma dose de impaciência. Por outro lado, um homem por quem eu tivesse algum carinho mereceria mais algumas tentativas. Mas duvido que exista paixão grande o suficiente para me prender durante muito tempo em um compromisso onde o sexo não está funcionando. E não sou a única que pensa assim. Conheço várias relações que afundaram porque o “meninão” não conseguia mais brincar.

Sexo é uma coisa importante no relacionamento amoroso. Não é tudo, mas é fundamental. Tem que estar presente e tem que ser prazeroso para os dois. O caminho para chegar lá às vezes passa por umas derrapagens e quando estamos empenhados em fazer a coisa dar certo, acho bacana ser compreensiva com esse tipo de situação. Se foi ocasional a gente tenta de novo, leva na esportiva, faz um carinho para deixar claro que é algo natural, e que pode acontecer com qualquer um. Se é uma situação recorrente, a gente senta para conversar e tentar descobrir o que está errado e, caso não descubra, procura um especialista para dar uma mãozinha. A gente encara com carinho, mas respeitando os nossos próprios limites. Não dá para passar a vida esperando um gozo que não virá, mas também não dá para achar que homens são máquinas perfeitas que nunca falham.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Moral da história

"Uma lagarta típica dos EUA faz um truque para tentar afugentar predadores: graças ao mimetismo, finge ser uma perigosa cobra com grandes olhos!
Mas o tiro sai pela culatra, pois o aspecto fica 'fofo' demais para fazer com que os seus predadores mais famintos desistam de devorá-la. À lagarta só resta esperar a sorte sorrir e chegar o momento de se tornar uma borboleta."


(Fonte: http://oglobo.globo.com/blogs/moreira)

Moral da história: As "fofinhas" se f$%&m.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Um conselho para os rapazes: músicas para seduzir

As coisas estão indo bem. Você preparou um jantar charmoso na sua casa, abriu um vinho bacana e parece que a noite vai esquentar. Então resolve dar um reforço no clima e colocar uma música. Aí bate aquela dúvida: qual?

Claro que algumas coisas são muito pessoais. Mas falando por mim posso assegurar que dois itens influenciam minha libido mais do que uma refeição afrodisíaca: perfume e música. O perfume fica para outro post, vamos falar sobre a escolha da música.

É importante escolher algo sensual, porém sutil. Se a garota topou jantar na sua casa você já tem muitos pontos a favor. Não vá estragar tudo pulando no pescoço dela como se fosse um lobo faminto diante de um pedaço de bife. Para te dar uma forcinha, aí vão algumas dicas:

1. White Stripes – I Just don’t know what to do with myself
Não é à toa que a Kate Moss faz uma dança sensual no clipe. A música é muito sexy e vai arrepiando cada pedacinho do corpo. Eu também não saberia o que fazer comigo mesma ao som dessa música e com uma boa companhia.

2. Guns and Roses – Since I don’t have you
Tá certo, tá certo eu confesso. Tenho uma tara pelo som da guitarra dessa música. E pode ter certeza que não sou a única mulher a sentir isso.

3. Pearl Jam – Last Kiss
A voz de Eddie Veder por si só já é um afrodisíaco (isso sem falar naqueles olhos). “Can my baby be”? Vem aqui que eu te digo e ainda mostro uns caminhos alternativos pra chegar lá...

4. Eric Clapton – Layla (Unplugged)
Se a garota for mais calminha, mais tímida, eu aconselho a versão acústica de Layla, pra ir chegando de mansinho, como quem não quer nada...

5. Lenny Kravitz – Fly away
Seguramente é a minha favorita. Não sei explicar porque, mas essa música liga um botão que faz esquentar tudo... Tem gosto de relação intensa, de amor e ódio, daquelas que a gente pede distância mas o corpo grita presença.

6. Shakira e Alejandro Sanz – La tortura
Essa música só tem um problema: se a garota for boa de rebolado como a Shakira, ela pode querer fazer um show exclusivo para você. E aí as coisas não vão só esquentar, vão pegar fogo de um jeito que vai dar trabalho apagar. Mas se ela não for, cuide de mantê-la bem ocupada com outras coisas...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Cantada vagabunda nunca mais!

Que mulher na vida nunca nunca teve que aturar uma cantada vagabunda? Tem homem que acha que nosso ouvido é penico e se aproxima só pra falar merda mesmo. E quando acontece, pode ser o maior príncipe que vira sapo na hora. A recíproca é verdadeira. Cantada boa, mesmo vindo de um cara não muito bonito, ganha ao menos um sorriso e um pouco de atenção. Com um pouco de jogo de cintura do cidadão, pode até ganhar mais.

E para ajudar nossas leitoras a poupar tempo e paciência, seguem algumas dicas de como responder às cantadas fajutas mais clássicas que achei na internet. A maioria bem maldosa. Mas de vez em quando é uma delícia ser má.

1. Cantada: Este lugar está vago?
Resposta: Está, e este aqui onde estou também vai ficar se você se sentar aí.

2. Cantada: A gente já não se encontrou em algum lugar antes?
Resposta: Já e é exatamente por isso que eu não vou mais lá

3.Cantada: Eu quero o seu amor, gata!
Resposta: Espera só um pouquinho… Amô-or! Esse cara aqui ta querendo você pra ele!

4. Cantada: Sabia que você é linda?
Resposta: Pena que não posso dizer o mesmo…

5. Cantada: Está procurando boa companhia?
Resposta: Estou, mas com você por perto vai ficar muito mais difícil encontrar.

6. Cantada: Qual o caminho mais rápido pra chegar ao seu coração?
Resposta: Cirurgia plástica, lavagem cerebral e uns três meses de malhação…

7. Cantada: Eu quero me dar por completo pra você.
Resposta: Sinto muito, eu não aceito esmola.

8. Cantada: Se beleza desse cadeia você pegaria prisão perpétua.
Resposta: Se feiúra fosse crime, você pegaria pena de morte.

9. Cantada: Oi gata… Qual é seu telefone?
Resposta: Nokia. E o seu?

10. Cantada: Uau! Isso aqui é uma calçada ou uma passarela de moda?
Resposta: Hum, agora você me pegou… é que eu não sou daqui. Então não sei te informar…

11. Cantada: Eu não tiro o olho de você!
Resposta: Ainda bem, né? Senão eu fico cega!

12. Cantada: Nossa! Eu não sabia que boneca andava!
Resposta: Sério? Nossa, você tá por fora, hein? Já tem até Barbie que anda de bicicleta!

13. Cantada: Que curvas, hein!
Resposta: Nem me fala… Eu bati o carro 7 vezes pra chegar nessa festa!

14. Cantada: Esse seu vestido vai ficar lindo jogado no chão do meu quarto!
Resposta: Quer comprar um igual pra fazer um tapete? Eu te indico a loja…

15. Cantada: Meu coração disparou quando eu te vi!
Resposta: Socorro! Alguém ajude! O moço está tendo um ataque cardíaco!

16. Cantada: Quer beber alguma coisa?
Resposta: Ai, que bom que você apareceu, garçom!

17. Cantada: Me dá seu telefone, vai!
Resposta: Socorro ! Um assalto

terça-feira, 11 de maio de 2010

Como ir para a cama com o homem certo

Ai gente, eu vou abrir aqui um momento rasgação-de-seda. É que eu fiquei toda faceira ao ver o Clube das Meninas-Mulheres na lista de blogs do "Como ir para a cama com o homem certo". Para quem não conhece é um blog divertidíssimo onde "Titia" dá dicas extremamente proveitosas sobre homens, claro. Têm feito um sucesso enorme entre as minhas amigas e eu super-hiper-mega recomendo. Assim mesmo, com esse vocabulário piriguete de shopping center. Se joguem.

E Titia, bjomeliga.

Preciso mesmo de uns conselhos.

Miss Simpatia


Não, eu não sou uma pessoa política. Nem faço a menor questão de ser. Se eu sou muito simpática com você, desconfie. É mais fácil ser indiferença do que carinho. Posso contar nos dedos a quantidade de pessoas que realmente consegue fazer de sua presença um prazer. Embora você provavelmente não perceberá a diferença, a menos que tenha alguma intimidade genuína comigo, ou me pegue em um dia de mau humor.

É isso. Não é muito gentil, eu sei. Mas é assim que eu funciono.

Com o tempo, aprendi a disfarçar indiferença com simpatia. Antes eu nem disfarçava. Mas depois de muitos conselhos repetitivos e insistentes de algumas amigas – que me apresentavam as pessoas cochichando em meu ouvido um “pelo amor de Deus, seja simpática” – aprendi essa lição mágica que mudou a minha vida.

Existem três tipos de pessoas para mim: as que eu amo, as que eu odeio, e as que eu ignoro. Não tem meio-termo. E, ironicamente, as mais bem tratadas costumam ser justamente as que ignoro.

Não é falsidade. Não me dou sequer ao trabalho de fingir perante essas pessoas. É mais como um botão que se desliga em mim. Não acho que vale a pena brigar POR essas pessoas, então não brigo COM elas. Não perco meu tempo. Não reparo no que dizem, mas também não suporto os pedidos de atenção. Então, balbucio um monossílabo qualquer de tempos em tempos, e me desligo sutilmente da conversa, mergulhando no meu mundo.

Você pode estar se perguntando o que trouxe este assunto à tona. É que hoje eu encontrei um sem-número de pessoas que ignoro e fui simpática e sorridente com todas elas. Obviamente eu não me recordo de nenhum trecho das conversas que se seguiram ao “oi, como vai”.

Se você se identificou como uma delas, a boa notícia é que eu às vezes mudo de idéia e de sentimentos sobre as pessoas. Se não se identificou, a má notícia é que eu às vezes mudo de idéia e de sentimentos sobre as pessoas.

Não se deixem enganar. Sandra Bullock, só no cinema. A Miss Simpatia nada mais é do que a desengonçada legalzinha que nunca teve chance de ganhar o título principal.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Menina-Senhora


Já notou como o vocábulo marido/esposo é pesado, pra não dizer recheado? Assim, explicando melhor...se tem de fazer toda uma expressão facial para balbuciar: ma-riiiii-doooo. Quero expressar na verdade o meu estranhamento com tal palavra, no qual, desde o dia 18 de abril venho pronunciando repetidamente, é eu me casei.

Logo eu que era avessa a compromisso (ok, admito que namorei o mesmo moço por quase 5 anos de idas e vindas, e fiquei noiva de um outro rapaz), mas no íntimo relacionamento não era o meu forte. Sério, cresci fazendo planos pra uma vida de um apartamento cheio de livros e visitas dos amigos, pode parecer inacreditável, mas fui uma pessoa comprometida que só fazia planos pra mim. Fora outra questões, tais como: dividir o mu espaço, ter que dar satisfação, somar orçamentos, pedir opinião, ser dona-de-casa, precisar de aprovação e etc.

Meus relacionamentos anteriores foram recheados de atitudes de solteira da minha pessoa, nem eu mesma acreditava que tinha namorado, casinho ou coisa análoga. Minha mãe costumava dizer: Tu não vai casar nunca até por que arrumar um homem pra te aguentar é muito difícil. Sabe o que minha genitora amada quis dizer? Eu adoro futebol, amo ir ao estádio! Sou a pessoa mais desorganizada que você pode encontrar nesta vida e na outra também, sou louca por carros e tudo que tiver ligado a automobilismo e velocidade, não tenho saco pra papo de mulher, detesto horas fazendo compras, não gosto de filmes românticos, nunca fui de muito chamego meloso, não lembro de data alguma, falo tudo quanto você pode imaginar com meus amigos homens e eles são MUITOS, bebo...bebo e não fico bêbada, se queria ficar com alguém era matadora, aí gente vou parar...por que a lista é ENORME.

Mais aí, agora tenho a realidade de ser SENHORA, afinal sou agora uma mulher CASADA, e as solteironas por opção que me desculpem, é muito bom tudo isto! Estou tendo obviamente as primeiras impressões, mas eu reconheço: como esperei esse momento ao lado do meu Amado. Não julguem que mudei de princípios, mudei apenas de opinião, e tipo nada me impediu de brincar guerreiro com meu MARIDO com os isopores que vinheram na embalagem da máquina de lavar, a única coisa ruim foi que eu perdi rapidamente minha espada isopomórfica da lua, ela quebrou no primeiro embate ;D

terça-feira, 27 de abril de 2010

Minha vida vai mudar


É babies, realmente foi com isso que eu sempre sonhei. Esse produto vai mudar a minha vida. A realização de um sonho velado, inconfessável. Eu sempre quis fazer xixi em pé.

Você deve estar se perguntando se isso é sério. CLARO QUE NÃO É. Mas parece que teve gente que acreditou. Explico: está sendo comercializado no Brasil o OiGirl, um produto que promete permitir às mulheres a façanha de fazer xixi em pé, em qualquer esquina, igual ao rapazes. Com o slogan "um produto inteligente para mulheres inteligentes", o OiGirl consiste em um recipiente de silicone com formato semelhante a um funil a ser encaixado na região pélvica para que a mulher possa controlar o fluxo do xixi. Ele pode ser utilizado com saquinhos sobressalentes e vem em uma "linda necessaire". Tudo em tons rosa-choquei, devo acrescentar. Após o uso, você lava tudo com água e sabão e está pronto para usar novamente. "Lavou, tá novo", igual a gente faz com... enfim, deixa pra lá.



O produto é comercializado no país através do site www.oi-girl.com.br, e segundo as informações do fabricante, não é inédito em sua categoria, mas é o melhor entre os disponíveis no mercado graças à matéria-prima com que é fabricado (100% silicone medicinal) e ao seu formato totalmente anatômico.

Confira abaixo os precinhos disponíveis:
Unidade: R$ 29,90
3 unidades (grátis botton): R$ 89,70
Unidade com nécessaire: R$ 48,80
Saquinhos plásticos (10 unidades): R$ 1,50

Olinda, tremei!
Sinto que tenho até fevereiro para decidir se vou encarar o pipis na rua, ou se vou continuar pagando para usar o banheiro das casas do sítio histórico, que por um precinho "módico", deixam as foliãs apertadas irem ao toilete. Com sorte o pacote inclui descarga e mãos lavadas.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cão que ladra...

Diz o velho ditado: “Cão que ladra não morde”.

Eu digo mais: homens não passam de cães.

Não meu bem, essa não é uma agressão gratuita à população masculina fruto de um surto feminista. É uma constatação relacionada à sexualidade. Quando o assunto é cama, desconfie dos homens que gritam aos quatro ventos que são muito bons. A probabilidade de que não sejam é de quase 100%. Homem gostoso de verdade não se dá ao trabalho de fazer alarde sobre seus dotes. Quem faz isso é homem inseguro, que precisa se afirmar e reafirmar sua masculinidade perante o mundo.

Você deve estar se perguntando o que trouxe esse assunto à tona. É simples: uma amiga veio me contar a experiência que teve com um desses auto-proclamados garanhões. E querem saber? Ele – cujo nome não posso revelar aqui, apesar de estar arrasada de vontade de abrir meu bocão – não passava de um cão que ladra, mas não morde. E como já dizia Nelson Rodrigues “sem dentada não há amor – nem sexo, permitam-me acrescentar – possível”.

Não pensem que foi um comentário despeitado de uma mulher mal-amada. Na verdade foi um desabafo de uma mulher bem-resolvida que se decepcionou com uma propaganda enganosa. O gostosão, não passava de um parceiro medíocre. Um fanfarrão. E rapazes, devo adverti-los que um cidadão como esse se queima com praticamente todo o círculo de amizade dessa moçoila. Porque nós falamos sim, sobre o desempenho de vocês. E recomendamos ou vetamos, de acordo com a sua performance.

Pooooois bem. No meio dessas conversas uma coisa importante que aprendi é que os homens com as melhores referências fazem o gênero mineirinho. Eles não fazem alarde sobre si mesmos, porque as mulheres que provaram da fruta se encarregam de espalhar a notícia. Ninguém melhor do que o cliente para atestar a qualidade do produto.


Agora eu ouço as histórias do cãozinho com um desprezo e um sarcasmo velado de quem conhece certas verdades que ele convenientemente omite. E repasso adiante as informações que recebi afinal, no quesito sexo casual, mulheres tem um senso de corporativismo invejável.

terça-feira, 13 de abril de 2010

O Zé

Quando um homem chama uma mulher para sair, não sabe o grau de
estresse que isso desencadeia em nossas vidas.

Você, mulher, está flertando um Zé Ruela qualquer. Com sorte, ele
acaba te chamando para sair. Vamos supor, um jantar. Pronto, acabou
seu último minuto de paz. Ele diz, como se fosse a coisa mais
simples do mundo "Vamos jantar amanhã?". Você sorri e responde, como
se fosse a coisa mais simples do mundo: "Claro, vamos sim".

Começou o inferno na Terra. Foi dada a largada. Você começa a se
reprogramar mentalmente e pensar em tudo que tem que fazer para
estar apresentável até lá. Cancela todos os seus compromissos
canceláveis e começa a odisséia. Evidentemente, você também para de
comer, afinal, quer estar em forma no dia do jantar e mulher sempre
se acha gorda. Daqui pra frente, você começa a fazer a dieta do
queijo: fica sem comer nada o dia inteiro e quando sente que vai
desmaiar come uma fatia de queijo. Muito saudável.

Primeira coisa: fazer mãos e pés. Quem se importa se é inverno e
você provavelmente vai usar uma bota de cano alto? Mãos e pés tem
que estar feitos - e lá se vai uma hora do seu dia. Vocês (homens)
devem estar se perguntando "Mão tudo bem, mas porque pé, se ela vai
de botas?" Lei de Murphy. Sempre dá merda. Uma vez pensei assim e o
infeliz me levou para um restaurante japonês daqueles em que tem que
tirar o sapato para sentar naqueles tatames. Tomei no cu bonito!
Para nossa paz de espírito, melhor fazer mão é pé, até porque boa
parte dessa raça tem uma tara bizarra por pé feminino.
OBS: Isso me emputece. Passo horas na academia malhando minha bunda
e o desgraçado vai reparar justamente onde? Na porra do pé! Isso é
coisa de... Melhor mudar de assunto...

As mais caprichosas, além de fazer mão e pé, ainda fazem algum
tratamento capilar no salão: hidratação, escova, corte, tintura,
retoque de raiz, etc. E nessa se vai mais uma hora do seu dia.
Dependendo do grau de importância que se dá ao Zé Ruela em questão,
pode ser que a mulher queira comprar uma roupa especial para sair
com ele. Mais horas do seu dia. Ou ainda uma lingerie especial,
dependendo da ocasião. Pronto, mais horas do dia. Se você trabalha,
provavelmente vai ter que fazer as unhas na hora do almoço e correr
para comprar roupa no final do dia em um shopping.

Ah sim, já ia esquecendo. Tem a depilação. Essa os homens não podem
nem contestar. Quem quer sair com uma mulher não depilada, mesmo que
seja apenas para um inocente jantar? Lá vai você depilar perna,
axila, virilha, sobrancelha etc, etc. E lá se vai mais uma hora do
seu dia. E uma hora bem dolorida, diga-se de passagem.

Parabéns, você conseguiu montar o alicerce básico para sair com
alguém. Pode ir para a cama e tentar dormir, se conseguir. Ah sim,
você vai dormir, COM FOME. A dieta do queijo continua.

Dia seguinte. É hoje seu grande dia.

Geralmente, o Zé Ruela não comunica onde vai levar a gente. Surge
aquele dilema da roupa. Com certeza você vai errar, resta escolher
se quer errar para mais ou para menos. Se te serve de consolo, ele
não vai perceber. Alias, ele não vai perceber nada. Você pode
aparecer de Armani ou enrolada em um saco de batatas, tanto faz.
Eles não reparam em detalhe nenhum, mas sabem dizer quando estamos
bonitas (só não sabem o porquê). Mas, é como dizia Angie Dickinson:
"Eu me visto para as mulheres e me dispo para os homens". Não tem
como, a gente se arruma, mesmo que eles não reparem.

Escolhida a roupa, com a resignação que você vai errar, para mais ou
para menos, vem a etapa do banho. Óleos, sabonetes aromáticos,
esfoliação etc. E o cabelo? Tem que fazer uma lavagem especial, com
cremes e etc. E depois ainda vem a chapinha, prancha e/ou secador.

Ok, você achou uma roupa que ficou boa. Vem o dilema da lingerie.
Salvo raras exceções, roupa feminina (incluindo lingerie) ou é
bonita, ou é confortável. Você olha para aquela sua calcinha de
algodão do tamanho de uma lona de circo. Ela é confortável. E cor de
pele. Praticamente um método anticoncepcional. Você pensa "Eu não
vou dar para ele hoje mesmo, que se foda". Você veste a calcinha. Aí
você começa a pensar "E se mesmo sem dar para ele, ele pode acabar
vendo a minha calcinha... Vai que no restaurante tem uma escada e eu
tenho que subir na frente dele... se ele olhar para essa calcinha,
broxará para todo o sempre comigo...". Muito puta da vida, você tira
a sua calcinha amiga e coloca uma daquelas porras mínimas e
rendadas, que com certeza vão ficar entrando na sua bunda a noite
toda. Melhor prevenir. Nessas horas a gente emburrece e acha que
qualquer deslize que fizer vai espantar o sujeito de forma
irreversível.

Os sapatos. Vale o mesmo que eu disse sobre roupas: ou é bonito, ou
é confortável. FATO: Lei de Murphy impera. Com certeza me vai ser
exigido esforço da parte comprometida pelo desconforto. Ex: Vou com
roupa confortável e sapato assassino. Certeza que no meio da noite o
animal vai soltar um "Sei que você adora dançar, vamos sair para
dançar! Eu tento fazer parecer que as lágrimas são de emoção. Uma
vez um sapato me machucou tanto, mas tanto, que fiz um bilhete para
mim mesma e colei no sapato, para lembrar de nunca mais usar!.
Porque eu não dei o sapato? Porra... me custou muito caro. Posso não
usá-lo, mas quero tê-lo. Eu sei, eu sei, materialista do caralho.
Vou voltar como besouro de esterco na próxima encarnação para ver se
evoluo espiritualmente! Mas por hora, o sapato fica.

Só quero que os homens saibam que é um momento tenso para nós e que
ralamos bastante para que tudo dê certo. O ar de tranquilidade que
passamos é pura cena. Sejam delicados e compareçam aos encontros que
marcarem, ok? E se possível, marquem com antecedência, para a gente
ter tempo de fazer nosso ritual preparatório com calma...

Apesar do texto enorme, quero deixar claro que o que eu coloquei
aqui é o mínimo do mínimo. Existem milhões de outras providências
que mulheres tomam antes de encontros importantes: clarear pêlos
(vulgo "banho de lua"), fazer drenagem linfática, baby liss...
enfim, uma infinidade de nomes que homem não tem a menor idéia do
que se trata.

Depois que você está toda montadinha, lutando mentalmente com seus
dilemas do tipo "será que dou para ele? É o terceiro encontro,
talvez eu deva dar..." começa a bater a ansiedade. Cada uma lida de
um jeito. Eu, como boa loser que sou, lido do pior jeito possível.
Tenho um faniquito e começo a dizer que não quero ir. Não para ele,
ligo para a infeliz da minha melhor amiga e digo que não quero mais
ir, que sair para conhecer pessoas é muito estressante, que se um
dia eu tiver um AVC é culpa dessa tensão toda que eu passei na vida
toda em todos os primeiros encontros e que quero voltar tartaruga na
próxima encarnação. Ela, coitada, escuta pacientemente e tenta me
acalmar.

Agora imaginem vocês, se depois de tudo isso, o filho da puta liga e
cancela o encontro? "Surgiu um imprevisto, podemos deixar para
semana que vem?". Claro, na cabecinha deles não custa nada mesmo,
eles acham que é simples, que a gente levantou da cama e foi direto
pro carro deles. Se eles soubessem o trabalho que dá, o estresse, o
tempo perdido... nunca ousariam remarcar nada. Se fode aí! Vem me
buscar de maca e no soro, mas não desmarque comigo! Até porque, a
essas alturas, a dieta radical do queijo está quase te fazendo
desmaiar de fome, é questão de vida ou morte a porra do jantar!

NÃO CANCELEM ENCONTROS A MENOS QUE TENHA ACONTECIDO ALGO MUITO,
MUITO, MUITO GRAVE! A GENTE SE MOBILIZA DEMAIS POR CAUSA DELES!

Supondo que ele venha. Ele liga e diz que está chegando. Você passa
perfume, escova os dentes e vai. Quando entra no carro já toma um
eufemismo na lata "MMM... ta cheirosa!" (tecla sap: "Passou muito
perfume, porra").
Ele nem sequer olha para a sua roupa. Ele não repara em nada, ele
acha que você é assim ao natural. Eu não ligo, acho homem que repara
muito meio viado, mas isso frustra algumas mulheres. E se ele for
tirar a sua roupa, grandes chances dele tirar a calça junto com a
calcinha e nem ver. Pois é, Minha Amiga, você passou a noite toda
com a rendinha atochada no rego (que por sinal custou muito caro)
para nada. Homens, vocês sabiam que uma boa calcinha, de marca, pode
custar o mesmo que um MP4? Favor tirar sem rasgar.

Quando é comigo, passo tanto estresse que chego no jantar com um
pouco de raiva do cidadão. No meio da noite, já não sinto mais meus
dedos do pé, devido ao princípio de gangrena em função do sapato de
bico fino. Quando ele conta piadas e ri eu penso "É, eu também
estaria de bom humor, contando piada, se não fosse essa calcinha
intra-uterina raspando no colo do meu útero". Sinto o estômago
fagocitando meu fígado, mas apenas belisco a comida de leve. Fico
constrangida de mostrar toda aminha potência estomacal assim, de
primeira.

Para finalizar, quero ressaltar que eu falei aqui do desgaste
emocional e da disponibilidade de tempo que um encontro nos provoca.
Nem sequer entrei no mérito do DINHEIRO. Pois é, tudo isso custa
caro. Vou fazer uma estimativa POR BAIXO, muito por baixo, porque
geralmente pagamos bem mais do que isso e fazemos mais tratamentos
estéticos:

Roupa ...............................................R$100,00
Ligerie .................................................R$50,00
Maquiagem .......................................... R$50,00
Sapato ...............................................R$100,00
Depilação ..............................................R$50,00
Mão e pé ..............................................R$20,00
Pílula anticoncepcional ................................. R$30,00

Ou seja, JOGANDO O VALOR BEM PARA BAIXO, gastamos, no barato, R$400
para sair com um Zé Ruela.
Entendem porque eu bato o pé e digo que homem TEM QUE PAGAR O MOTEL?

(Autor desconhecido)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Um momento... meu momento

Narguilé, narguile, narguila, nakla, maguila, arguile, naguilé é um “cachimbo de água” composto por Base (jarro ou vaso), Corpo, Fornilho (rosh, cabeça ou cerâmica), Abafador (laminito) e Mangueira. Aprecio. Tenho o meu há dois anos. O comprei, por acaso, em uma feira multicultural. Parece-me um belo objeto decorativo que tem sabor suave e uma fumaça doce que incensa o ambiente agradavelmente com aroma de frutas. É raro, mas, quando o uso, costumo acendê-lo à noite, despoluindo os ouvidos com uma boa música, degustando lentamente dois dedinhos de vinho tinto suave a meia luz, antes de dormir e depois de uma (ou algumas) semana de matar. Para saúde dizem que não é bom, não é ruim ou que se não é bom, ruim também não é. O que eu sei é que fomos projetados para inspirar ar, rico em oxigênio (aproximadamente 21%), que é filtrado, umedecido, aquecido e levado aos pulmões, logo, entendo que qualquer coisa que fuja desta primeira idéia, não é natural e pode vir a ser nocivo SIM, aliás, a lista dos “anormais” que andamos respirando por aí é de tirar o fôlego: dióxido de enxofre, monóxido de carbono, oxidantes fotoquímicos, material particulado e blá, blá, blá a perder de vista. Cá com os meus botões acredito que o que mata é a falta de bom senso - bom senso é quando a gente lembra e entende que pra toda causa existe uma conseqüência e que as coisas têm começo, meio e fim – e, neste caso, deste mal talvez eu não morra, então, não me importo com o que dizem: É natural para natureza humana falar muito e não dizer nada.

(Por mim em www.dsrta@blogspot.com )

segunda-feira, 22 de março de 2010

Verdade seja dita

O importante é ser feliz

(Por Danuza Leão)

Uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só. Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.
O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.
A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.
A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.
Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de "fácil").
Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.
Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar.
E por aí vai.
Tantos deveres, tanta preocupação em "acertar", tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...
Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...
Às vezes dá vontade de fazer tudo "errado".Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim:'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'...
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.
Um dia a gente cria juízo. Um dia.Não tem que ser agora.
Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente.OK? Não necessariamente nessa ordem.
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . . .
Você nasce sem pedir e morre sem querer. Aproveite o intervalo.

www.dsrta.blogspot.com

sábado, 13 de março de 2010

Relato de uma depilação



- Oi, queria marcar depilação com a Penélope.
- Vai depilar o quê?
- Virilha.
- Normal ou cavada?
Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada. Mas já que era pra fazer, quis fazer direito.
- Cavada mesmo.
- Amanhã, às... deixa eu ver...13h?
- Ok. Marcado.

Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves, porque sabia lá o que me esperava, coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique. Escolhi uma calcinha apresentável. E lá fui. Assim que cheguei, Penélope estava esperando. Moça alta, mulata, bonitona. Oba, vou ficar que nem ela, legal. Pediu que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado. Saímos da sala de espera e logo entrei num longo corredor. De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas. Por trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas. Uma mistura de Calígula com O Albergue. Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão. Eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas.
- Querida, pode deitar.

Tirei a calça e, timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na maca. Mas a Penélope mal olhou pra mim. Virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha. Ali estavam os aparelhos de tortura. Vi coisas estranhas. Uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma pinça. Meu Deus, era O Albergue mesmo. De repente ela vem com um barbante na mão. Fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo, mas fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou bem forte.
- Quer bem cavada?
- ...é... é, isso.

Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da Abigail, nome carinhoso de meu órgão, esqueci de apresentar antes.
- Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco senão vai doer mais ainda.
- Ah, sim, claro.
Claro nada, não entendia porra nenhuma do que ela fazia. Mas confiei. De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um líquido viscoso e quente (via pela fumaça).
- Pode abrir as pernas.
- Assim?
- Não, querida. Que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois joga cada perna pra um lado.
- Arreganhada, né?
Ela riu. Que situação. E então, Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha virgem. Gostoso, quentinho, agradável. Até a hora de puxar.


Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele de meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca. Não tive coragem de olhar. Achei que havia sangue jorrando até o teto. Até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o Samu. Tudo isso buscando me concentrar em minha expressão, para fingir que era tudo supernatural. Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa. Eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de que doesse mais.
- Tudo ótimo. E você?
Ela riu de novo como quem pensa "que garota estranha". Mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes.


O processo medieval continuou. A cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope. Lembrava de minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer. Todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas.
- Quer que tire dos lábios?
- Não, eu quero só virilha, bigode não.
- Não, querida, os lábios dela aqui ó.
Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes lábios ? Putz, que idéia. Mas topei. Quem está na maca tem que se fuder mesmo.
- Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por favor.
Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail.
- Olha, tá ficando linda essa depilação.
- Menina, mas tá cheio de encravado aqui. Olha de perto.

Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a respiração das duas. Estavam bem perto dali. Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo. "Me leva daqui, Deus, me teletransporta". Só voltei à terra quando entre uns blábláblás ouvi a palavra pinça.
- Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram um pelinhos, tá?
- Pode pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada.
Estava enganada. Senti cada picadinha daquela pinça filha da mãe arrancar cabelinhos resistentes da pele já dolorida. E quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir.

- Vamos ficar de lado agora?
- Hein?
- Deitar de lado pra fazer a parte cavada.
Pior não podia ficar. Obedeci à Penélope. Deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens.
- Segura sua bunda aqui?
- Hein?
- Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda.
Tive vontade de chorar. Eu não podia ver o que Pê via. Mas ela estava de cara para ele, o olho que nada vê. Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena? Nem minha ginecologista. Quis chorar, gritar, peidar na cara dela, como se pudesse envenená-la. Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido perguntaria:
- Tudo bem, Pê?
- Sim... sonhei de novo com o cu de uma cliente.

Mas de repente fui novamente trazida para a realidade. Senti o aconchego falso da cera quente besuntando meu tuin peaks. Não sabia se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação. Sei que ela deve ver mil cus por dia. Aliás, isso até alivia minha situação. Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos? E aí me veio o pensamento: peraí, mas tem cabelo lá? Fui impedida de desfiar o questionamento. Pê puxou a cera. Achei que a bunda tivesse ido toda embora. Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali. Com certeza não havia nem uma preguinha pra contar a história mais. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo. Sons guturais, xingamentos, preces, tudo junto.

- Vira agora do outro lado.
Porra.. por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei novamente a bandinha. E então, piora. A broaca da salinha do lado novamente abre a cortina.
- Penélope, empresta um chumaço de algodão?
Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos. Era dor demais, vergonha demais. Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra quem? Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito. Só mesmo Penélope. E agora a vizinha inconveniente.

- Terminamos. Pode virar que vou passar maquininha.
- Máquina de quê?!
- Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol.
- Dói?
- Dói nada.
- Tá, passa essa merda...
- Baixa a calcinha, por favor.
Foram dois segundos de choque extremo. Baixe a calcinha, como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho? Mas o choque foi substituído por uma total redenção. Ela viu tudo, da perereca ao cu. O que seria baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável.
- Prontinha. Posso passar um talco?
- Pode, vai lá, deixa a bicha grisalha.
- Tá linda! Pode namorar muito agora.
Namorar...namorar... eu estava com sede de vingança. Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas doía e incomodava demais. Queria matar minhas amigas. Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso. Queria fazer passeatas, criar uma lei antidepilação cavada. Queria comprar o domínio preserveasbucetaspeludas.com.br. Queria tudo.
Menos namorar.

(Desconheço o autor)